Mistério Supremo da fé católica: A Santíssima Eucaristia, presença real de Cristo no Sacramento do Altar

“Comam do Pão, bebam do Cálice, quem a mim vem não terá fome! Comam do Pão, bebam do Cálice, quem em mim crer não terá sede.”

Para compreendermos a Missa, e principalmente a Liturgia Eucarística será preciso voltar à última ceia de Jesus, relatada no Novo Testamento. O que Jesus fez? Por que o fez? Como as Comunidades dos discípulos entenderam essa ceia? Como a entendemos hoje? A missa não existe somente para a própria igreja, para a comunidade eclesial; não basta celebrar entre nós; e não basta criar laços fraternos entre os membros da comunidade. Na missa está embutida uma missão social e política: a de criar comunhão e participação na sociedade, de abrir espaço para o Reino de Deus, que é de fraternidade, partilha, até nas estruturas sociopolíticas, econômicas e culturais. A Eucaristia é sinal que profetiza, antecipa e professa esse Reino. As missas em nossas comunidades têm expressado a realidade da sociedade e a mudança para que o Reino de Deus possa crescer?

Domingo, dia para celebrar a Eucaristia

O domingo é o dia para celebrar a vocação do cristão, que é celebrada na Eucaristia, no, anúncio da Palavra de Deus, no exercício da missão profética, na convivência fraterna, no sacerdócio universal de Cristo. Dia de expressar a fé por meio de gestos e palavras, manifestar a vitória da morte e de toda opressão. Na celebração eucarística, o próprio Senhor nos dirige sua Palavra: ” São estas as palavras que eu lhes falei, quando ainda estava com vocês: é preciso que se cumpra tudo o que está escrito a meu respeito na lei de Moisés, nos profetas e nos salmos” (Sc 24,44). O mesmo Senhor que falou reparte o pão. “Sentou-se à mesa com os discípulos, tomou o pão e o abençoou, depois o partiu e deu a eles” (Lc 24,30).

A Eucaristia é a celebração que busca viver a proposta do Reino por Jesus anunciado e concretizado, num esforço de testemunho e comunhão, no serviço ao próximo e no anúncio da Boa Notícia a todos.

A Celebração Eucarística é o ponto alto da caminhada do povo que acredita. O documento 43 da CNBB diz que: ” A celebração da missa, como toda celebração, é sempre tempo especial, que os batizados tomam para fazer memorial da ação de Deus em favor do seu povo: o que Deus fez ontem, faz hoje e fará sempre ( CNBB Doc 43 n. 204). Celebrar o mistério pascal de Cristo é manifestar Cristo em nossa vida, portanto, ela não se torna uma celebração alheia.

“O mistério pascal de Cristo é celebrado, não é repetido; o que se repete são as celebrações; em cada uma delas sobrevém a efusão do Espírito Santo que atualiza o único mistério (CIC 1104).

Em cada Eucaristia recordamos e revivemos os sentimentos de Jesus quando partiu o pão: sentimento de ação de graças. Jesus agradeceu ao Pai conosco e por nós. Celebrando-a somos convidados a cultivar o espírito de agradecidos pelos dons recebidos ao longo de nossa existência e pela fé que nos consagrou para o serviço ao Reino de Deus.

” O gesto, porém, da fração do pão, que por si só designava a Eucaristia nos tempos apostólicos, manifestará mais claramente o valor e a importância do sinal da unidade de todos num só pão, e da caridade fraterna pelo fato de um único pão ser repartido entre irmãos.” (IGMR, n.283)

Comungar portanto, não é um ato individualista; é uma ação comunitária. Não é simplesmente “receber Jesus na hóstia sagrada”, “receber Jesus em nosso corpo, alma, espírito e coração”. É assumir, como igreja-comunidade, o projeto de vida de Jesus; é prontificar-se a continuar a missão dEle, mesmo sabendo de todas as nossas limitações.

O sentido de comer do pão e beber do vinho acaba sendo um ato de louvor e agradecimento, pois nos unimos corporalmente a Jesus Cristo, que fez de sua vida um só louvor ao Pai. Assimilando esse pão e esse vinho da bênção eucarística, nós mesmos somos transformados em louvor, bênção, ação de graças. Toda nossa vida se torna “Eucaristia” (cf 1 Cor 11,17s).

Sentou-se à mesa com eles

Comer e beber é indispensável à sobrevivência. Mas o fato de sentar juntos à mesa, de comer e beber juntos, acrescenta muito ao simples ato de comer e beber. Os evangelhos nos mostram a toda hora Jesus comendo e bebendo com alguém. Parece que eram para Ele momentos privilegiados de sua missão. Também naquela noite em que ia ser entregue, Jesus sentou-se à mesa com os seus.

A cada vez que nos sentamos à mesa para fazer a ceia em memória do Senhor, estabelece-se essa mesma cumplicidade, a mesma comum união, o mesmo compromisso, a mesma alegria e anúncio de vitória ( passado, presente e futuro).

Participar, comer do pão e beber do vinho da mesa do Senhor está tendo para nós esse sentido de forte união e compromisso com Jesus e com os excluídos da sociedade?

Estamos reunidos para fazer a ceia do Senhor. Aquele gesto característico de Jesus, de sentar-se à mesa com os seus, com os convidados do Reino do Pai, ficou sendo o gesto característico que identifica a comunidade dos discípulos de Jesus, depois de sua morte. A cada celebração Ele está presente, glorioso, ressuscitado, em cada um dos ministros, em cada um dos participantes da ceia em seu nome. Podemos vê-lo presidindo a mesa, dando graças ao Pai, repartindo o pão, passando o cálice com o vinho.

Façam isto em memória de mim

Ao fazer memória, um fato passado é trazido para o presente, dentro de nossa atualidade, no aqui e agora. Nós nos tornamos participantes deste acontecimento importante, graças à ação ritual, simbólica, que evoca esse fato. Na missa, fazemos memória da última ceia de Jesus e de sua morte e ressurreição, à qual essa ceia se refere. O que Jesus fez na última ceia, Ele o faz de novo com seu povo reunido: toma o pão, o vinho, dá graças…

O sentido do banquete ou ceia fraterna

“A Eucaristia é o memorial de sua morte e ressurreição, sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal, em que Cristo nos é comunicado em alimento, o espírito é repleto de graça e nos é comunicado o penhor da futura glória” (SC, n.47).

O sentido de comunhão é estar em comunhão com a igreja, na caminhada de vida pessoal, de fé, perceber que sua ação evangelizadora exige profunda comunhão com a comunidade eclesial. O testemunho de cada pessoa é essencialmente comunitário. O próprio Jesus enviou seus discípulos “dois a dois” (Lc 10,1).

A comunhão fraterna é o ideal da comunidade cristã, que deseja ser “um só coração e uma só alma” (At 4,32). Viver a comunhão, numa comunidade, é também sentir-se solidário com toda a criação, que vem de um Deus-comunhão, que deseja a promoção da vida e a busca da convivência pacífica entre todos (cf DGAE 15-17)

Tomai e comei, tomai e bebei

É um convite universal à  participação na Ceia do Senhor e não apenas à assembleia presente: “Felizes os convidados para as bodas do cordeiro” (Ap 19,9): proclama que a comunidade participa da Ceia do Céu e que a comunhão no Corpo e Sangue de Cristo une as pessoas e toda a Igreja de todos os lugares e todos os tempos, realiza a “Comunhão dos Santos”.

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