Conheça Santo Antônio: apontado por Leão XIII como o “santo do mundo todo”.
Dia 13 de junho é uma data especial no calendário de muitas pessoas: seu santo de devoção, Santo Antônio, é lembrado com ainda mais reverência, recebendo elogios, agradecimentos e muitos pedidos. Para o povo fiel, o religioso de Pádua protege os pobres, orienta os sentimentos e inspira a vida de oração. Não é, portanto, apenas o “santo casamenteiro” que a religiosidade popular caracterizou, mas um exemplo de cristão que viveu de maneira heroica as virtudes humanas.
Não se sabe de onde vem essa devoção; o que se sabe é que esse santo era muito atento às questões familiares. As pessoas com problemas na família o procuravam para pedir conselhos e ele as atendia. Por isso, foi formando a respeito dele essa devoção de intercessor por aqueles que querem arranjar um namorado, que tem o desejo de formar uma família.
Ele atendia com simplicidade e dedicação as pessoas, os mais necessitados e doentes, por isso era tão querido.
O Papa Leão XIII declarou Antônio como “o santo do mundo todo”, tendo em vista que a devoção à Santo Antônio ganhou abrangência universal. O povo que recorre a ele não pede milagres impossíveis ou coisas absurdas, mas rogam por coisas correntes da vida: alimento, saúde, um emprego com salário digno, harmonia familiar, ajuda para encontrar coisas perdidas ou superar situações difíceis.
Antônio nasceu em Lisboa, mas a maioria dos devotos o chama de Pádua, localidade italiana onde o religioso realizou sua missão e morreu. Desde criança, foi devoto de Nossa Senhora, com quem rezava e recorria constantemente. Numa dessas ocasiões de oração junto à Virgem, a própria Mãe de Deus colocou cuidadosamente o Menino Jesus nos braços de Antônio. Jesus Menino, então, enlaça seus bracinhos no pescoço do frade e os dois conversam. Esse fato deu origem à representação do santo com Jesus no colo. Já o lírio que também é visto em suas imagens representa a pureza vivida em meio às muitas tentações, quando ainda jovem.
Viveu para pregar a Palavra de Deus até seu falecimento, em 13 de junho de 1231, nas cercanias de Pádua, aos trinta e seis anos. Foi sepultado numa magnífica basílica romana, hoje chamada Basílica de Santo Antônio de Pádua, na Itália. Sua popularidade era tamanha que imediatamente seu sepulcro tornou-se local de peregrinação, até nossos dias. Os muitos milagres alcançados por sua intercessão levaram o Papa Gregório IX, apenas onze meses após a morte de Antônio, a canonizá-lo em 1232, o processo mais rápido da história da Igreja.
Em 2010, o Papa Emérito Bento XVI dedicou uma de suas catequeses para falar de Santo Antônio de Pádua. Segundo o pontífice, o santo contribuiu de modo significativo para o desenvolvimento da espiritualidade franciscana, com os seus salientes dotes de inteligência, equilíbrio, zelo apostólico e, principalmente, fervor místico.
São tantas as riquezas de ensinamentos espirituais contidas nos “Sermões de Antônio”, que o Venerável Papa Pio XII, em 1946, proclamou Antônio de Pádua, “Doutor da Igreja”, atribuindo-lhe o título de “Doutor Evangélico”, porque desses escritos sobressai o vigor e a beleza do Evangelho; e ainda hoje os podemos ler com grande proveito espiritual, constatou Bento XVI.
Nos textos que diversas fontes apresentam sobre a vida e obra desse homem santo, podemos perceber que seu ministério pastoral foi sobretudo missionário, e que suas pregações foram tão intensas e eficazes que induziram muitos italianos e franceses, que se tinham afastado da Igreja, a reconsiderar a sua decisão. A chave desse discurso eloquente não poderia ser outra senão a intimidade com Jesus, por meio da oração. Em um de seus sermões ele fala da oração como de uma relação de amor, que estimula o homem a dialogar docilmente com o Senhor, criando uma alegria inefável.
Alegria inefável encontrada no Evangelii Gaudium, onde o Papa Francisco exorta a Igreja sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual:
Os milagres de Santo Antônio
Santo António será sem dúvida o ‘Santo dos Milagres’ e de todos, aquele que mais merece esse epíteto no mundo cristão.
Quanto ao primeiro milagre -Santo António prega aos peixes- reza a lenda que estando a pregar aos hereges em Rimini, estes não o quiseram escutar e viraram-lhe as costas. Sem desanimar, Santo António vai até à beira da água, onde o rio conflui com o mar e insta os peixes a escutá-lo, já que os homens não o querem ouvir. Dá-se então o milagre: multidões de peixes aproximam-se com a cabeça fora de água em atitude de escuta. Os hereges ficaram tão impressionados que logo se converteram. Este milagre encontra-se citado por diversos autores, tendo sido mesmo objeto de um sermão do Padre António Vieira que é considerado uma das obras-primas da literatura portuguesa.
No segundo milagre, Santo António livra o pai da forca. Conta a lenda que estando o Santo a pregar em Pádua, sentiu que a sua presença era necessária em Lisboa e recolheu-se, cobrindo a cabeça em silêncio reflexão. Simultaneamente (e mercê do dom de bilocação) encontra-se em Lisboa, onde seu pai tinha sido injustamente condenado pelo homicídio de um jovem. Este, ressuscitado e questionado pelo Santo, afirma a inocência do pai de Santo António e volta a descansar.
Liberta-se assim o inocente que por falso testemunho tinha sido acusado. Santo António põe-se então ‘a caminho’ e subitamente ‘acorda’ no púlpito em Pádua recomeçando a sua pregação. Representam-se assim aqui dois fatos miraculosos num só: a bilocação e poder de reanimar os mortos.O terceiro milagre, também reportado na crônica do Santo, ocorre já no fim da sua vida e foi contado pelo conde Tiso aos confrades de Santo António após sua morte. Estando o Santo em casa do conde Tiso, em Camposampiero, recolhido num quarto em oração, o conde curioso espreita pelas frinchas de uma porta a atitude de Frei António; depara-se-lhe então uma cena miraculosa: a Virgem Maria entrega o Menino Jesus nos braços de Santo António. O menino tendo os bracinhos enlaçados ao redor do pescoço do frade conversava com ele amigavelmente, arrebatando-o em doce contemplação. Sentindo-se observado, descobre o ‘espião’, fazendo-lhe jurar que só contaria o visto após a sua morte.
São estes os três mais famosos milagres de Santo António, embora muitos mais pudessem ser referidos. Nas ‘Florinhas de Santo António’ ou no ‘Tratado dos Milagres’ é relatado um milagre praticamente para cada dia do ano, o que reafirma o seu caráter taumaturgo.
Signifcados e Simbolismos:
O hábito de Santo Antônio
Na imagem de Santo Antônio, o hábito representa sua pertença á Ordem Franciscana. No século XV, algumas representações mostram o santo usando um hábito cinza, simbolizando os mendicantes ou penitentes. O hábito marrom simboliza a certeza de sua fé em Jesus Cristo e sua morte para a vida mundana. O hábito é um símbolo de consagração a Deus, de humildade e de pertença a uma ordem religiosa.
O livro nas mãos de Santo Antônio
Na imagem de Santo Antônio o livro é o símbolo mais antigo. Representa o Evangelho, a sabedoria de Santo Antônio e o fato de ele ser Doutor da Igreja. Representa, também, o pregador extraordinário que reunia multidões para ouvi-lo. Por seus conhecimentos e sabedoria bíblica, o Papa Gregório IX chamava-o “Arca do Testamento”. Pessoas se convertiam e inimigos se reconciliavam ao ouvi-lo pregar. E, quando não quiseram ouvi-lo, ele foi pregar para os peixes e, milagrosamente, um cardume enorme ficou com a cabeça fora d”água enquanto ele pregava, tamanho era o dom da pregação que ele tinha.
O Menino Jesus com Santo Antônio
O menino Jesus representa a intimidade de Santo Antônio com Cristo. Ele é mostrado de três modos diferentes:1. Sobre o livro: estar em cima do livro, a Bíblia, significa que Santo Antônio anunciava Jesus Cristo, o Verbo encarnado. De fato, todos os sermões de santo Antônio foram sobre Jesus e as passagens do Evangelho. Ele revelou com poder e força o Verbo divino.2. No colo de Santo Antônio: representa a extraordinária intimidade do santo com Jesus. Em algumas representações o menino acaricia lhe o rosto. Todo o dom da pregação de santo Antônio vem da sua intimidade com Jesus na oração profunda e na Eucaristia. Daí vinha toda a sabedoria e os dons que se manifestavam em Santo Antônio.3. Sendo mostrado ao santo pela Virgem Maria. Revela a devoção de Santo Antônio para com a virgem Maria. Nesta representação, Santo Antônio aparece em estado de profunda adoração a Jesus.
O lírio de Santo Antônio
O lírio na imagem de Santo Antônio representa sua castidade e pureza de coração. Simboliza também a estação do ano na qual o santo morreu, o verão no hemisfério norte.
A tonsura de Santo Antônio
O cabelo raspado no centro da cabeça se chama tonsura e representa o voto de castidade de santo Antônio. A tonsura era uma cerimônia religiosa, na qual o Bispo raspava o cabelo de quem estava sendo ordenado no primeiro grau da Ordem. A tonsura tinha também o de renúncia das vaidades e ser como o Cristo, sendo coroado rei que se oferece a serviço de todos.
O pão de Santo Antônio
O pão na imagem de Santo Antônio também é bem comum. Representa um de seus vários milagres feitos em vida. Em algumas obras vimos o santo distribuindo o “pão dos pobres”. Essa é uma característica mais recente, do século XIX. Surgiu durante uma época de muita fome na Europa.
O Terço de Santo Antônio
O Terço na imagem de Santo Antônio representa sua entrega e devoção à Mãe de Deus. Santo Antônio começou a ser representado com o Terço na cintura, no século XVI, para mostrar que ele era homem de oração. O terço também fazia parte do hábito franciscano.
O cordão de Santo Antônio
O cordão na Imagem de Santo Antônio representa seus votos perpétuos. O cordão faz parte do hábito franciscano. É um cinto de corda que contém três nós. Estes nós simbolizam os votos de obediência, pobreza e castidade, que todo religioso franciscano faz quando faz os votos perpétuos.
“Se pregas Jesus, Ele comove os corações duros; se o invocas, alivia das tentações amargas; se o pensas, ilumina o teu coração; se o lês, sacia-te a mente” (Santo Antônio no Sermones Dominicales et Festivi III).