Por: Andrea Almeida
A comemoração de Todos os Fiéis Defuntos coloca a Igreja diante do mistério da morte, realidade irreversível de que ninguém escapa. Contudo, qual o seu sentido? Cristo nos dá a resposta. Ele, ressuscitado, venceu a morte e nos garante que, após a morte, podemos seguir a vida felizes para sempre.
O dia de finados tem uma liturgia muito rica,, em seus textos, perpassa a esperança que nasce da morte, a partir do Mistério Pascal de Cristo (paixão, morte e ressurreição). Em Jesus, abre-se uma nova perspectiva, na qual a morte já não é mais o fim fatídico e desesperador, mas a passagem para a realidade nova da plenitude de vida em Deus.
Assim, a morte do cristão transforma-se num despertar para a vida eterna feliz em Deus. Como nos fala São Francisco de Assis, a morte se torna nossa irmã que, com carinho, nos toma pela mão para apresentar-nos ao Pai, a fim de participarmos do banquete da felicidade eterna.
“O cristão que morre em Cristo Jesus sai deste corpo para viver com o Senhor”. (2Cor 5,8)
João Paulo II nos lembra: “A tradição da Igreja exortou sempre a rezar pelos mortos. O fundamento da oração de sufrágio encontra-se na comunhão do Corpo Místico… Por conseguinte, recomenda a visita aos cemitérios, o adorno dos sepulcros e o sufrágio, como testemunho de esperança confiante, apesar dos sofrimentos pela separação dos entes queridos.” (LR, n. 45, de 10/11/91)
O Catecismo ensina que “Reconhecendo cabalmente esta comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os tempos primeiros da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos…” (CIC, § 958)
O que celebramos?
Ao celebrarmos a memória de um falecido, não fazemos para homenageá-lo ou elogiá-lo, mas para integrá-lo de maneira bem viva à memória da morte e ressurreição de Cristo. Na missa, celebramos a graça de sua passagem em Deus por meio de Cristo Jesus. Sendo assim, por ocasião da morte ou do aniversário do falecimento de uma pessoa, celebramos a Páscoa de Cristo na nossa Páscoa e a nossa Páscoa na Páscoa do Cristo.
Na instrução geral do missal romano encontramos “missas pelos fiéis defuntos”, diz-se: “A Igreja oferece o sacrifício eucarístico da Páscoa de Cristo pelos mortos, a fim de que, pela comunhão de todos os membros de Cristo entre si, o que obtém para uns o socorro espiritual traga aos outros a consolação da esperança”. Portanto, o objetivo da missa pelos falecidos é o socorro espiritual para os mortos e a consolação da esperança para os vivos.
A igreja nos diz na missa pelos mortos: “A vida não é tirada, mas mudada”. E São Paulo nos diz: “Sabemos que aquele que ressuscitou ao Senhor Jesus nos ressuscitará também com Ele”. Assim, acima da nossa dor pela separação, devemos colocar nossa fé na ressurreição dos mortos.
Jesus rezou em seu último momento na cruz e, hoje, a Igreja retoma esse momento quando ora ou canta: “Eu me entrego, Senhor, em suas mãos e espero pela tua salvação”.
“Podemos viver como se esta vida fosse tudo o que temos e a morte fosse absurda, como se fosse melhor não tocar neste assunto. Ou podemos reclamar nossa infância divina e acreditar que a morte é a passagem dolorosa, porém abençoada, que nos colocará face a face com nosso Deus”. (Henri j. M. Nouwen)
Perpétuos saberes
O que a Igreja acredita
A Igreja crê na ressurreição dos mortos.
- A Igreja entende que a ressurreição se refere ao homem todo; para os eleitos, ela outra não é senão a extensão da própria ressurreição de Cristo aos homens.
- A Igreja afirma a continuação e a subsistência, depois da morte, de um elemento espiritual dotado de consciência e vontade, de modo a existir no tempo intermédio o próprio ‘eu humano’, carecendo, porém do complemento do corpo. Para designar esse elemento, a Igreja emprega o termo ‘alma’, consagrado pelo uso da Sagrada Escritura e da Tradição. Embora não ignore que este termo possui diversos sentidos na Bíblia, julga, todavia, que não se pode dar nenhuma razão válida para rechaçá-lo e, ao mesmo tempo, julga ser absolutamente necessário um termo de linguagem para sustentar a fé dos cristãos.
As condições para obtê-la são:
1 – Condições gerais de toda indulgência:
- Confessar-se, porque, para receber qualquer indulgência plenária, seja para si mesmo ou para as almas do purgatório, é imprescindível estar em graça e desapegado de todo pecado;
- Receber a Sagrada Comunhão;
- Rezar pelo Santo Padre e pelas suas intenções de oração.
2 – Condições específicas da indulgência por ocasião do Dia de Finados:
- No período de 1º a 8 de novembro, visitar um cemitério e rezar pelos defuntos, mesmo que seja apenas mentalmente;
- Visitar piedosamente uma igreja ou oratório e ali recitar o Pai-Nosso e o Credo;
- Importante: doentes, idosos e pessoas com legítimas restrições ou impossibilidade de fazer essas visitas presencialmente podem unir-se espiritualmente aos outros fiéis, oferecendo as respectivas orações no próprio local onde se encontram.
Orações sugeridas
Cada fiel pode fazer as orações de sua preferência, mas, para quem desejar, apresentamos as seguintes sugestões:
“Eterno Pai, eu vos ofereço o Preciosíssimo Sangue de Vosso Divino Filho Jesus, em união com todas as Missas que hoje são celebradas em todo o mundo; por todas as santas almas do purgatório, pelos pecadores de todos os lugares, pelos pecadores de toda a Igreja, pelos de minha casa e de meus vizinhos. Amém”.
“Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno, e que a luz perpétua os ilumine. Descansem em paz. Amém” (três vezes).
A Igreja também recomenda rezar as Laudes e Vésperas do Ofício dos Defuntos, o rosário (ou terço) mariano, a coroa (ou terço) da Divina Misericórdia ou a leitura meditada de passagens do Evangelho próprias da liturgia dos fiéis defuntos.
A tradição também incentiva os católicos a realizarem uma obra de misericórdia, oferecendo a Deus as dores e dificuldades da própria vida.