Durante o ano, a Igreja Católica dedica alguns dias em sua liturgia para homenagear alguns santos. Comemoramos o exemplo de vida dos santos e o fato de eles já estarem diante da glória de Deus.
Contudo, além dos santos mais conhecidos, muitas outras almas também chegaram a ganhar o céu e a plenitude. Durante a história da humanidade, muitos mártires e muitas outras pessoas de bom coração, fiéis ao Senhor, viveram sua vida de forma irrepreensível e foram testemunhas para outro, mas permaneceram anônimas. Quem sabe haja, no céu, alguém que você tenha conhecido, que esteja morto e tenha se tornado santo!
Pois bem! No dia 1º de novembro, a Igreja celebra a Festa de Todos os Santos para fazer memória àqueles que estão diante da visão beatífica de Deus, intercedendo por nós sem cessar.
Esta celebração litúrgica quer, em primeiro lugar, que honremos seus Filhos, que já estão de posse do Céu, em companhia do Esposo Divino, especialmente àqueles que, no decorrer do ano, não tiveram uma festa própria. Ao mesmo tempo, a Mãe Igreja quer que demos graças a Deus em nome dos santos.
Em segundo lugar, a Igreja quer que essas homenagens nos sejam proveitosas, que nos sirvam para elevarmos o nosso espírito aos Céus e nos estimulem à prática das virtudes pela contemplação dos bens eternos que nos esperam, se perseverarmos. A contemplação do exemplo luminoso dos santos deve despertar em nós o grande desejo de ser como eles: “felizes por viver próximos de Deus, na sua luz, na grande família dos amigos de Deus.
Conheça os exemplos de servos que, pela profunda dedicação aos preceitos cristãos, são modelo de fé em qualquer época.
Ao longo dos séculos a Igreja reconheceu a fidelidade de diversos cristãos e cristãs que optaram, diariamente, por seguir os preceitos do Senhor. Essas pessoas foram consagradas pela Igreja santos e santos e, com o passar dos anos, inspiram-nos, por meio de seus testemunhos. Mesmo falhos e pecadores, nós, enquanto batizados, também somos chamados à santidade. De acordo com a Constituição Dogmática Lumen gentium, “enquanto batizados, todos os cristãos têm igual dignidade diante do Senhor e são irmanados pela mesma vocação, que é a santidade”.
Então, em que consiste esta vocação universal para a santidade? Como podemos realizá-la? O Papa Francisco ajuda a responder essa questão quando afirma que a santidade não é uma prerrogativa só de alguns, mas um dom oferecido a todos, portanto, constitui o cunho distintivo de cada cristão.
“Quando o Senhor nos convida a ser santos, não nos chama para algo pesado, triste. Ao contrário! É o convite a compartilhar a sua alegria, a viver e a oferecer com júbilo cada momento da nossa vida, levando-a a tornar-se ao mesmo tempo um dom de amor pelas pessoas que estão ao nosso lado. Cada passo rumo à santidade fará de nós pessoas melhores, livres do egoísmo e do fechamento em nós mesmos, abertos aos irmãos e às suas necessidades”, afirma.
Desse modo, muitos são os santos e santas da Igreja Católica que inspiram os cristãos modernos, no cotidiano. São Paulo, por exemplo, foi grande líder servidor, isto é, aquele que trabalha conforme a orientação “servindo uns aos outros, segundo o dom que cada um recebeu, como bons administradores da multiforme graça de Deus” (1 Pe 4,10). É um modelo de fé, serviço e resiliência para todos os cristãos. É fonte de inspiração para o modo de ser Igreja. Suas cartas fazem parte da Sagrada Escritura e compõem a Liturgia, inspiram todos os líderes das diversas confissões religiosas, estudantes, leigos, professores, etc.
Ao lado de Paulo esteve Pedro, cuja posição se firmou diante da declaração de Jesus: “Por isso eu lhe digo: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18). Por essa afirmação do próprio Jesus, Pedro foi consagrado o primeiro Papa da Igreja Católica e tornou-se líder da primeira comunidade. Fraco na fé, negou Jesus três vezes. O próprio Senhor o confirmou na fé após sua ressurreição, transformando-o em um pregador do Evangelho. Como líder dos apóstolos, também costumava estar à frente de assembleias e comunidades.
A missão de São Pedro é o compromisso da Igreja Católica, realizado por meio de seus pastores, comunidades, lideranças, pastorais e todo povo de Deus que, a exemplo dele, é formado por homens e mulheres, muitas vezes, fracos na fé, ou seja, que também sentem medo ou negam o próprio Cristo através de suas atitudes e modo de agir.
Já os evangelistas São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João deixaram-nos os Sagrados Evangelhos que, como os escritos de Paulo, são as verdades de Cristo que guiam toda a Igreja e indicam o caminho para a santidade.
Outro “pequeno-grande” homem que nos inspira é Santo Agostinho. Principal filósofo do período conhecido como Patrística e do pensamento cristão medieval, ajudou a fundar as bases da filosofia adotada pela Igreja Católica. Suas obras foram muito influentes no desenvolvimento do Cristianismo e Filosofia Ocidental. É considerado Santo tanto pela Igreja Católica quanto pela Anglicana e, mesmo para os protestantes e evangélicos, é referência na história eclesiástica por seus escritos e ditos.

Já São João Batista deixou os grandes ensinamentos àqueles que anunciam e pregam a Palavra de Deus.
Um dos santos mais conhecidos dos fiéis, São José é, indubitavelmente, um dos santos mais importantes da Igreja e teve, diante de Deus, privilégios únicos. Em 1870, foi declarado oficialmente o Patrono Universal da Igreja e, em 2008 foi declarado o patrono da justiça social pelo Papa Bento XV.
O santo da humildade, da alegria, da pobreza e do amor à natureza, São Francisco de Assis chamava a todas as criaturas de irmãos: irmão sol, irmã lua, irmão lobo, irmã água, que representam seu amor pela Criação. Fundador da Ordem Franciscana, é exemplo para a Igreja devido a sua doação em favor dos pobres.
Padroeira das causas impossíveis, Santa Rita é umas das grandes santas da piedade popular. Os fiéis recorrem a ela com muita devoção e fé, especialmente no dia 22 de maio, em que é concedida a bênção das rosas.
E os Santos Anjos Miguel, Rafael e Gabriel? São grandes protetores contra os perigos, sobretudo das crianças.
Entre os santos mais novos e os santos brasileiros canonizados nos últimos anos, também temos bons exemplos de obediência e doação ao próximo, como o grande legado de São João Paulo II, que contribuiu para a história da Igreja Católica atual. Participou ativamente do Concílio Vaticano II e teve importante atuação no desenvolvimento de um dos principais documentos do Concílio, chamado Constituição Gaudium et Spes.
Além disso, colaborou em cinco Sínodos Episcopais antes de ser Papa. Deu início às Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) e aos Encontros Mundiais das Famílias. Ele escreveu como papa 15 Exortações Apostólicas, 14 Encíclicas, 11 Constituições Apostólicas e 45 Cartas Apostólicas. Promulgou o Catecismo na Igreja Católica, promoveu a reforma do Código de Direito Canônico, a reforma no Código das Igrejas Orientais e a grande reorganização da Cúria Romana.
Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus é considerada a primeira santa brasileira, mesmo não tendo nascida no Brasil. Fundou a Congregação das Irmãzinhas do Imaculado Coração que hoje está presente em 12 países. Frei Antônio de Sant’Ana Galvão foi primeiro canonizado nascido no Brasil. Foi ele que fundou a Congregação de Nossa Senhora da Luz e criou as famosas pílulas de São Galvão, muito procuradas pelas pessoas que vão em busca de curas e milagres.
Primeiro dramaturgo, gramático e o poeta do País, São José de Anchieta foi autor da primeira gramática da língua Tupi e um dos escritores pioneiros e mais relevantes na literatura brasileira, tendo criado inúmeras peças teatrais e poemas de teor religioso. Sua contribuição à arte foi tão importante que ganhou o título de patrono da Cadeira 1 da Academia Brasileira de Música.
Dentre outros santos canonizados neste milênio, ressaltamos o papa Paulo VI, que passou a ser São Paulo VI; Dom Oscar Romero, Santa Tereza de Calcutá, São Pio de Pietrelcina, São Tiago Alberione entre outros. Cada um deles deixou um legado que, de alguma maneira, contribuiu positivamente para ações fundamentais realizadas pela Igreja Católica.
Que a exemplo dos santos e santas de Deus, busquemos de forma mais verdadeira a nossa santidade, ou seja, sermos homens e mulheres restaurados pela graça e pela misericórdia do bondoso Deus. E que não tenhamos medo de pertencer a Cristo!