Os voluntários embarcaram no início deste mês para nova jornada de atendimentos de saúde às comunidades ribeirinhas
No último dia 11 de julho, um novo grupo de voluntários da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro embarcou em missão para a Prelazia de Lábrea, onde vai passar 15 dias realizando atendimentos às comunidades dos ribeirinhos. São dentistas, médicos e uma equipe de apoio para auxiliar nos trabalhos que serão realizados.
Realizada anualmente, a missão é compartilhada por quatro equipes. Cada uma permanece por uma quinzena em pontos diferentes da região de Lábrea. O último grupo a embarcar foi o da Perpétuo Socorro, composta por três médicos, três dentistas e quatro na equipe auxiliar, totalizando 10 voluntários. As atividades são integralmente sustentadas por meio de doações e da ajuda da Igreja Católica.
Entre os voluntários que se prontificaram a essa estão Olavo Rodrigues de Oliveira, 39 anos, e Lígia Maria Guimarães de Oliveira, 40. Casados, eles moram na Praia da Costa e são participantes ativos na Paróquia. Começaram sua caminhada em 2013 com a participação no Encontro de Casais com Cristo (ECC); depois passaram a servir no grupo Pequeninos do Senhor, atuando também no Encontro de Jovens com Cristo (EJ) e Encontro de Adolescentes com Cristo (EAC). Atualmente, atuam como Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão e apoiam o Grupo de Jovens.
Olavo, que é dentista, conta que soube do projeto há alguns, por intermédio de uma colega de profissão que solicitou doações de materiais odontológicos para levar na missão, e quis saber mais informações sobre o trabalho realizado. “Ele já havia comentado sobre seu interesse em participar e, quando ouvimos o aviso na missa no ano passado, ele me convenceu de que na próxima vez que tivesse nós iríamos”, conta Lígia.
A experiência de amigos que participaram de outras expedições à região foi uma das principais motivações do casal para se voluntariar. “Além de doar meu trabalho profissional, tentarei levar na bagagem muita alegria e trazer de volta muito aprendizado”, comenta Olavo. “A ideia seria levar o amor, o sorriso, tirar a dor e devolver a alegria. Mas estou indo com a certeza de que trarei de volta muito mais coisa na bagagem do que estarei levando”, acrescenta Lígia.
Literalmente como “marinheiros de primeira viagem”, os dois têm muitas expectativas sobre essa nova experiência. “Tentamos não criar muitas, mas, no fundo, esperamos encontrar um povo muito carente de cuidados básicos e atenção, e, ao mesmo tempo, capaz de nos dar de outra forma, muito carinho por estarmos indo até eles. Sabemos que são pessoas sofridas, mas que naquele momento estarão radiantes, pois esperam o ano todo o barco passar. Esperamos encontrar a esperança em cada olhar, a alegria em cada sorriso e a fé daqueles que acreditaram que a ajuda ia chegar”.
Veteranos

Silvana e Ricardo Bresciani conheceram o projeto por meio da comunidade católica Epifania em 2016 e, de imediato, decidiram participar. Em sua primeira atuação, o casal foi o responsável pela cozinha do barco hospital, função que vão desempenhar novamente neste ano. “Sempre tive o sonho de sair em missão na Amazônia e ajudar as comunidades ribeirinhas”, confessa Silvana. “Queremos evangelizar a população atendida pelo projeto, acolher, visitar as casas, levar a Palavra de Deus e participar das celebrações que ocorrem ao final do dia”, comenta Ricardo.
Durante a missão do ano passado, eles notaram o interesse das pessoas atendidas pela imagem de Nossa Senhora da Penha que está afixada no barco hospital. O fato lhes chamou a atenção e comentaram com amigos quando voltaram. Ao ter conhecimento do fato, um casal de paroquianos fez a doação de vários pôsteres da Santa padroeira do Espírito Santo que serão doados aos fiéis da Prelazia. Terços, medicamentos, pastas e escovas de dente, que completam o atendimento odontológico também foram arrecadados para serem doados aos que precisam.
Veteranos na missão, Silvana e Ricardo contam o que esperam encontrar em Lábrea: “apesar de viverem em precárias condições, os moradores recebem os voluntários com muita alegria e os ensinam verdadeiros valores. Para eles, o ter não tem importância; vivem em comunidade, como uma grande família, partilham o pouco que têm, dividindo os escassos alimentos colhidos nas plantações familiares, inclusive com os voluntários. Demonstram claramente a vontade e a necessidade de receber a visita do barco hospital mais vezes”.

Quem também está embarcando pela segunda vez é o dentista Felipe Cesar da Silva Moreira, de 27 anos, que, desde a primeira vez em que soube do projeto, já sentiu vontade de ajudar. “Vi um aviso após uma missa em 2015, onde pediram profissionais de saúde para completar as equipes daquele ano. Porém, as vagas para dentistas já haviam sido preenchidas, então, entrei no site e me cadastrei para os próximos anos. Fui chamado pela primeira vez em 2016, quando teria que viajar dois meses após meu casamento, minha noiva quase ‘pirou’”, conta bem-humorado.
Para ele, ajudar ao próximo sem esperar retorno é uma experiência que enriquece qualquer um. “Senti-me tocado pela missão e resolvi entrar de cabeça. Muitas pessoas deixam para participar de iniciativas como essa quando estiverem mais estáveis na profissão, ou esperam os filhos crescerem para poder ajudar. Eu escolhi entrar nessa logo e me surpreendi com o quanto essa experiência me tornou melhor como ser humano”, avalia.
O jovem voluntário destaca os aprendizados que teve no local. “Não podemos nos enganar e imaginar que os ribeirinhos são tristes por viverem em situação diferente da nossa. Pelo contrário! O que vi foram pessoas gratas pelo que têm, sempre com sorriso no rosto e prontas para nos receber com o que têm de melhor em suas comunidades”.

Felipe lembra que na região há uma grande demanda por cirurgias menores e alívio de dor. “O barco hospital Laguna Negra é muito bem equipado para os atendimentos e para o acolhimento da equipe. Poucos são os casos em que são necessários algum complemento quanto a material para os procedimentos. Além disso, levamos também muito carinho e atenção a todos”, completa.
Gratidão
Fundadora da comunidade católica Epifania e da missão Laguna Negra, Doris Pereira de Almeida não tem palavras para agradecer àqueles que se dispõem a participar: “rezo por essa missão, louvo a Deus pelo sim de cada voluntário e agradeço por cada doação”.