” Façam isto em memória de mim.”
Ao fazer memória, um fato passado é trazido para o presente, dentro de nossa atualidade, aqui e agora. Nós nos tornamos participantes deste acontecimento inportante, graças à ação ritual, simbólica, que evoca este fato. Na missa, fazemos memória da última ceia de Jesus de sua morte e ressureição à qual esta ceia se refere. O que Jesus fez na última ceia, Ele o faz de novo com o seu povo reunido. Toma o pão e o vinho, dá graças…
Estrutura da Liturgia Eucarística:
A) Preparacão das Oferendas
(Jesus tomou o pão e o cálice com o vinho…)
O primeiro gesto na liturgia eucarística é a apresentação das oferendas e a preparação da mesa. Pão e vinho são trazidos, simbolizando toda a nossa realidade. Fruto da terra, fruto da videira e do trabalho humano.
Estrutura da preparação das oferendas
(Atenção, nem todos estes elementos estarão em todas as missas)
- Canto durante a preparação das oferendas, ou silêncio ou música instrumental
- Procissão com as oferendas (pão, vinho, outros dons para partilhar na comunidade ou para pessoas necessitadas fora da comunidade)
- Apresentação do pão (“Bendito sejais, Senhor, pelo pão…”)
- Mistura da água no vinho (antigo costume judaico)
- Apresentação do vinho(“Bendito sejais, Senhor, pelo vinho…”)
- Oração silenciosa do presidente (“De coração contrito…”)
- Incensação das oferendas e do altar pelo presidente – missas festivas, solenes
- Incensação do presidente e do povo, pelo diácono ou outro ministro
- Lavabo: o presidente lava as mãos em silêncio ( rito penitencial)
- Convite à oração sobre as oferendas (“Orai irmãos…”)
- Resposta da assembleia (Receba o Senhor…”)
- Oração sobre as oferendas
B) Oração Eucarística
(Jesus deu graças ao Pai…)
Demos graças ao Senhor nosso Deus!
É a oração de ação de graças e de santificação. Quem dá o verdadeiro louvor ao Pai é Jesus. A assembleia é convidada a unir-se a Ele (Cristo) na proclamação das maravilhas e no louvor a Deus na entrega do sacríficio.
O Diálogo
O convite que o presidente da celebração faz no início da oração eucarística é bem claro:
“O Senhor esteja com vocês” – Ele está no meio de nós.
“Corações ao alto” – O nosso coração está em Deus
“Demos graça ao Senhor nosso Deus” – É nosso dever e salvação
É um convite dirigido a toda pessoa presente para se unir de coração à ação de graças que a comunidade, corpo de Cristo vai fazer pública e carinhosamente a Deus Pai.
O Prefácio
É a proclamação entusiasta a Deus por todas as suas ações maravilhosas e, particularmente, pela salvação. O prefácio exprime o louvor e a ação de Graças a Deus pela obra de salvação que se atualiza na ação eucarística, destacando alguns aspectos particulares, segundo o dia, a festa ou o tempo litúrgico. Há prefácios para diversas celebrações (no missal romano existem 95), cada um desses prefácios ressalta um aspecto, uma faceta do mistério de Cristo. É bom observar a estrutura de um prefácio. Ele tem três partes:
A primeira parte é muito parecida em quase todos os prefácios. Nela afirmamos diante de Deus que é um dever para nós, também um prazer, louvar a Deus em todo o tempo e lugar. Quase sempre esta primeira parte termina dizendo: POR CRISTO SENHOR NOSSO
Desta forma já introduz a segunda parte, e mostra que todo prefácio coloca Cristo no centro de nossas vidas. Ele é o motivo central e nosso louvor. É nele que Deus se aproximou de nós e cumpriu suas promessas. É nele que temos esperança de ressurreição e de vida (cada prefácio fala disso de um jeito diferente, relacionado com o mistério celebrado naquele dia).
A terceira parte do prefácio é decorrência da segunda e ao mesmo tempo um convite para a aclamação do “SANTO” que vem a seguir. Nosso louvor encontra eco e reforço para além de nosso pequeno planeta, para além do nosso aqui e agora. Passado, presente e futuro, tempo e eternidade se concentram neste solene HOJE de nossa louvação.
SANTO É O SENHOR, HOSANA!
No final do prefácio, o presidente convida toda a assembleia a cantar, junto com todos os anjos e santos a uma só voz: SANTO, SANTO é o Senhor… É o louvor universal que brota da ressurreição de Jesus Cristo.
A primeira parte deste hino é tirada do livro do profeta Isaías 6,3.
A segunda parte diz: “BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR”. Este texto é tirado dos evangelhos, da entrada de Jesus em Jerusalém, onde se faz uma relação com o Salmo 118 (117) 25-26.
Também no livro do Apocalipse 4,8 canta-se sem cessar, dia e noite, o “SANTO, SANTO, SANTO”. Este louvor está relacionado com a vitória do Cordeiro que foi imolado, mas que está de pé diante do trono de Deus. Cantando o SANTO, estamos proclamando a glória de Deus e do Cordeiro. Estamos professando jubilosamente nossa fé na ressurreição. Estamos proclamando o poder pascal de Jesus. É uma aclamação que requer a participação de toda a assembleia e não é conveniente substituir o texto do Santo por outros hinos.
A Epíclese: Mandai Senhor, o vosso Espírito Santo!
Invocação a Deus Pai para que derrame o Espírito Santo e transforme os dons do pão e do vinho em Corpo e Sangue de Jesus Cristo. Está relacionada com as palavras de Jesus: “mandai vosso Espírito Santo, a fim de que nossas ofertas se mudem…”
A Narrativa da Instituição
Narrativa da última ceia (mais conhecida como “Consagração”) quando Cristo encarnou dizendo: “Fazei isto em memória de mim”. Requer uma participação comunitária ativa e consciente, de todo o povo sacerdotal, na ação eucarística, pascal, feita por Cristo Ressuscitado.
A Anamnése: Eis o mistério da fé!
É o anúncio da Páscoa! É a memória da paixão, morte e ressurreição. Fazemos memória do corpo ressuscitado, sacrificado na cruz. Fazemos memória da ressurreição do corpo incorruptível, cheio de força, corpo espiritual (cf. 1 cor 15,42-44). Fazemos memória do sangue derramado na cruz e da vida que nasceu do lado aberto. Fazendo memória, trazemos presente, atualizamos. O fato passado acontece HOJE, para nós. É por isto que estas aclamações se chamam “aclamações anamnéticas”, ou seja, que fazem memória da páscoa de Jesus e a tornam presente na celebração.
A oblação: “Nós vos oferecemos, ó Pai…”
A oração eucarística é ação de graças e de louvor, ação memorial da Páscoa de Jesus. Ela é ao mesmo tempo sacramento da OBLAÇÃO, da entrega, da oferta, do sacrifício de Jesus. Quem oferece é a comunidade reunida como um corpo, Corpo de Cristo e nossa vida inserida na dele, como oferenda permanente de louvor ao Pai (este é o verdadeiro OFERTÓRIO).
A Epiclese da Comunhão
Pedimos ao Pai que envie o Espírito Santo sobre a comunidade reunida. Esta segunda Epiclese está relacionada com a comunhão. Comemos juntos deste único pão e bebendo juntos deste cálice nós vamos nos tornando um só Corpo em Cristo, Corpo de Cristo. Um famoso teólogo dizia: “É A IGREJA QUE FAZ A EUCARISTIA, E É A EUCARISTIA QUE FAZ A IGREJA”.
As Intercessões: “Lembrai-vos, ó Pai…”
A oração eucarística inclui também a súplica, a intercessão por todos os membros da igreja, vivos e falecidos. Estas intercessões são chamadas de “MEMENTOS” – do latim lembranças. Pedimos com carinho que Deus se lembre de todas estas pessoas. Queremos que todas as pessoas estejam reunidas no coração do Pai. Somos igreja, povo de Deus, comunhão dos Santos. Somos família, gente que se quer bem, em Cristo Jesus e no seu Espírito.
A Doxologia – Ele merece!
Por Cristo e Com Cristo… É o grande louvor que encerra a oração eucarística. É o momento da grande oferta, se eleva os dons transformados em Corpo e Sangue do Senhor. A doxologia final é como que a síntese de tudo o que foi dito até agora. Síntese também, a expressão de nossas vidas vividas em louvor e gratidão a Deus, por Cristo, com Cristo e em Cristo, na unidade do Espírito Santo. Transbordamos de grata alegria, somos tomados por uma profunda admiração e gratidão por tudo aquilo que Deus é e faz por nós. As cordas do coração vibram e fazem vibrar as cordas vocais num grande e jubiloso AMÉM! (Ele merece!). AMÉM: é o sim, aceitamos, ó Pai, tua proposta de vida. É o sim do compromisso. Queremos percorrer o caminho da salvação aberto por Jesus.
A oração eucarística é proclamada pelo presidente, mas a assembleia toda tem um papel ativo. É a assembleia que dá graças a Deus, por meio do ministério do presidente. Por isso, precisamos garantir o caráter ao mesmo tempo presidencial e dialogal da oração eucarística: uma pessoa só falando por todos e todos intervindo com aclamações. A cada parte da oração eucarística, o povo intervém, retomando, reforçando, o que o presidente disse:”Mandai vosso Espírito Santo”, “Caminhamos na estrada de Jesus”, “A todos dai a luz que não se apaga”. Estas aclamações pertencem ao povo.
