(Foto: Alessandra com Marido e Filho)
Com o tema “Admiração pelo que Deus faz: ‘o todo poderoso fez em mim maravilhas’” (Lc 1,49), a Igreja celebra, no dia 11 de fevereiro, o XXV Dia Mundial do Enfermo
Através da celebração do Dia do Enfermo, a Igreja faz um convite a enxergar, cada vez mais com o olhar de amor e admiração, não só as pessoas que necessitam de cuidados especiais por alguma doença ou limitação grave, mas também aquelas que as acompanham no dia a dia: familiares, voluntários e profissionais da saúde. Esse cuidado, aliado à fé, é o que faz toda a diferença e pode mudar, para sempre, talvez não a condição da pessoa, mas o modo em que vive e encara suas dificuldades.
Exemplo disso é a administradora de empresas Alessandra Cunha, hoje com 39 anos. Aos 22, ela, que na época estudava odontologia, viu sua vida virar de ponta a cabeça após um acidente de carro que a deixou tetraplégica. “Acordei na UTI e me vi imóvel do pescoço para baixo. Vi minha vida e todos os meus sonhos se acabarem, principalmente o maior deles, que era o de casar e ser mãe”, conta. Alessandra confessa que, por várias vezes, pensou em desistir de tudo, até da vida, ou deixar-se levar pela tristeza, mas o poder do amor das pessoas que estavam por perto e a sua fé mudaram o rumo de sua história.
“Houve um dia em que simplesmente resolvi desistir de lutar. Resolvi que definharia na cama até morrer. Foi nesse dia que ouvi, como um sopro do Espírito Santo, uma voz que me dizia: ‘quando pensar em desistir, cuida das promessas que o Senhor tem para ti’. Sei que para muitos pode parecer loucura, mas tive certeza de que era Jesus”, conta. Daquele momento em diante, Alessandra retomou o fôlego e sua vida.
Com o amor incondicional da família, estruturou sua casa e, depois de muita fisioterapia e dedicação, conseguiu restabelecer parte dos movimentos dos braços e, a partir daí, retomar os estudos universitários, formando-se em Administração de Empresas. “Minha fisioterapeuta foi parte fundamental na minha recuperação. Ela me fez enxergar a vida além das dificuldades (que são muitas) e da cadeira de rodas. Fez-me ver a minha limitação como uma condição e não a razão da minha vida. Parte do que sou hoje devo ao profissionalismo e amizade dela”, conta emocionada.
Alessandra também passou a morar sozinha e, mesmo com altos e baixos, retomou a alegria de viver. Contratou cuidadores que a ajudam nas tarefas do dia a dia e, em um deles, como naquelas belas histórias de amor que todos sonham em ter, encontrou seu grande amor; com quem se casou e acaba de ter um filho lindo, José João, hoje com um mês de vida. “A promessa a de Jesus na minha vida se cumpriu. Apesar de toda dor, sou muito grata à Ele. Sei que Ele me deu mais do que me tirou”.
Outro lindo exemplo de perseverança é o de dona Maria José de Matos Coutinho, de 88 anos. Apesar de atualmente estar na cadeira de rodas, devido ao cansaço e à artrose generalizada nas articulações, nunca deixa de assistir às programações religiosas na TV com o filho que mora com ela, também enfermo por uma doença neurológica degenerativa, tendo, por isso, dificuldade para se locomover e se comunicar.
Viúva há 6 anos, ela conta que seu esposo era muito religioso e, com ele, há 40 anos, carregou as tábuas dos bancos (de tijolos) para assistir à missa na garagem do edifício Guruça, onde se reuniam para celebrar todos os domingos. “Meu compadre, Jair Torres, ia buscar um padre no Convento da Penha todos os domingos para celebrar a missa, até que o pároco do Santuário Divino Espírito Santo disse que deveria haver uma comunidade aqui na Praia da Costa!”, conta saudosa. Movidos por esse desejo, fizeram rifas, reuniões e festas para arrecadar dinheiro e construir a comunidade, que hoje é a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Além do filho, ela também mora com a neta de 23 anos e conta com o carinho de outros dois filhos que a ajudam muito, mas nem sempre podem estar presentes, pois têm seus compromissos. Ela diz que agora, infelizmente, não consegue mais ir à missa sozinha, somente aos finais de semana, quando há uma amiga disponível para acompanhá-la. “Quando vou à missa existe o local específico da cadeira de rodas e ainda colocam uma cadeira ao lado para meu acompanhante sentar”, fala com alegria. Se não consegue ir, assiste pela televisão no canal da Canção Nova.
Dona Maria se diz muito satisfeita com a vida que tem, porque possui saúde e muita assistência da comunidade: “Padre Anderson já esteve aqui trazendo a extrema unção a mim e a meu filho, ele é maravilhoso, uma benção!”. Ela também conta que o diácono da Paróquia, João Tozzi, já esteve em sua casa para conversar sobre espiritualidade com ela e toda semana recebe algum ministro da Sagrada Eucaristia para levar a comunhão. “Além disso, a cada 15 dias recebo a visita de um casal da Pastoral da Saúde, trazendo sempre uma passagem da Bíblia por eles escolhida para refletir, é muito gostoso esse momento”, comemora.
Para ela o melhor presente que um cristão pode dar a um enfermo é a sua presença, “por isso só tenho a agradecer a Deus, e a todos da comunidade que se dispõem a vir me visitar e trazer um pouco de carinho e da Palavra d’Ele”. Dona Maria é muito grata a todos e diz que “não deve haver lugar para tristeza em sua vida, porque tudo tem o tempo de Deus”. O carinho e a presença que tenta dar ao seu filho, também na intenção de ajudá-lo de alguma forma, a faz muito bem. “Em momento nenhum eu pergunto a Deus, por que eu? Que seja feita a vontade d’Ele!”.
Em recente mensagem nos meios de comunicação do Vaticano sobre o Dia dos Enfermos, o Papa Francisco registrou: “Sentindo-me, desde agora, presente espiritualmente na Gruta de Massabiel, diante da imagem da Virgem Imaculada, em quem o Todo-Poderoso fez maravilhas em prol da redenção da humanidade, desejo manifestar a minha proximidade a todos vós, irmãos e irmãs que viveis a experiência do sofrimento, e às vossas famílias, bem como o meu apreço a quantos, nas mais variadas tarefas de todas as estruturas sanitárias espalhadas pelo mundo, com competência, responsabilidade e dedicação se ocupam das melhoras, cuidados e bem-estar diário de todos vós. Desejo encorajar-vos a todos – doentes, atribulados, médicos, enfermeiros, familiares, voluntários – a olhar Maria, Saúde dos Enfermos, como a garante da ternura de Deus por todo o ser humano e o modelo de abandono à vontade divina; e encorajar-vos também a encontrar sempre na fé, alimentada pela Palavra e os Sacramentos, a força para amar a Deus e aos irmãos mesmo na experiência da doença”.